Sessão das Cortes de Lisboa

Sessão das Cortes de Lisboa
Sessão das Cortes de Lisboa
Autor Oscar Pereira da Silva
Data 1922
Gênero pintura histórica
Técnica tinta a óleo
Dimensões 315 centímetro x 262 centímetro
Localização Museu do Ipiranga
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Sessão das Cortes de Lisboa é uma pintura de Oscar Pereira da Silva. A obra é do gênero pintura histórica e foi realizada em 1922. Está localizada no Salão de Honra do Museu Paulista, o mesmo local de exposição de Independência ou Morte. A pintura retrata a sessão de 9 de maio de 1822 das Cortes Constituintes, em Portugal.

Descrição

A obra foi produzida em 1922 com tinta a óleo. Suas medidas são: 315 centímetros de altura e 262 centímetros de largura.[1][2]

A sessão que Pereira da Silva retrata a participação de representantes das províncias brasileiras na Assembleia em Portugal, em especial Antônio Carlos de Andrada, que aparece discursando, de pé, confrontando Borges Carneiro. A cena evoca um aparente conflito entre os representantes do Brasil e os de Portugal.[1]

Aparecem na sala, além de Andrada e Carneiro, Lino Coutinho, Diogo Antônio Feijó, Vergueiro e Ferreira Borges, entre outros.[3] Foi notado que figuras importantes desse confronto entre Andrada e Carneiro estão ausentes da tela.[4]

O ambiente representado por Pereira da Silva é luxuoso, com lustres e castiçais, janelas grandes com cortinas vermelhas longas. Há um trono, mais elevado em relação à Assembleia.[3]

As Cortes Constituintes de 1820, de Alfredo Roque Gameiro.

A obra de Pereira da Silva foi inspirada em As cortes constituintes de 1820, de Alfredo Roque Gameiro. Assim, a disposição da Assembleia é similar à do quadro do artista português. Há também diferenças importantes com a pintura de Gameiro. A figura central, de pé, está invertida nos dois quadros. Os gestos na pintura de Pereira da Silva são menos comedidos do que os no quadro de Gameiro.[2]

Contexto

A pintura foi uma encomenda do diretor do Museu Paulista Afonso Taunay. Nos termos de Taunay, a obra deveria apresentar: "uma sessão agitadíssima das cortes (...) em que Antonio Carlos e os deputados brasileiros fazem frente ao partido recolonizador que quer votar medidas oppressivas ao Brasil".[2] A pintura não estava nos planos iniciais de Taunay para o acervo do Museu Paulista.[3]

A obra foi paga pelo Museu Paulista 8 contos de réis, sendo uma das pinturas mais bem pagas do acervo.[3] Pereira da Silva entregou seu trabalho em agosto de 1922, ao mesmo tempo de O Príncipe D. Pedro e Jorge de Avilez a bordo da Fragata da União, outra obra histórica de Pereira da Silva encomendada por Taunay e localizada no Salão de Honra.[3]

Análise

A intenção de Taunay com a encomenda a Pereira da Silva foi, além de representar um marco do processo de Independência do Brasil,[5] destacar o protagonismo paulista.[2] Do ponto de vista artístico, a obra traz elementos centrais da pintura histórica: preocupação narrativa, celebração e triunfalismo, documentação.[3]

Foi notado que a representação da cena, "uma sessão agitadíssima", não está possivelmente de acordo com os acontecimentos da sessão supostamente retratada, em que não se discutiu aliás a recolonização do Brasil.[3]

Impacto

Sessão das Cortes de Lisboa tornou-se, por sua importância documental, uma ilustração recorrente em livros didáticos brasileiros, destacando a resistência à pressão colonizadora de Portugal.[6] Por exemplo, em um desses livros há a seguinte legenda explicativa:[7]

quarenta e cinco deputados de diversas regiões brasileiras foram para Portugal com a esperança de se juntar aos deputados portugueses e fazer uma Constituição. Mas, lá chegando, foram impedidos de falar e vaiados pela multidão de portugueses que se aglomeravam nas galerias dos prédios. Contrariados, descobriram que o desejo dos portugueses era que o centro de decisões do Império português instalado no Rio de Janeiro voltasse a ser Lisboa.

A obra de Pereira da Silva influenciou A participação dos deputados brasileiros nas cortes constitucionais portuguesas, uma pintura de José Fiúza Guimarães, de 1925, localizada no Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro.[3]

Ver também

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Referências

  1. a b O Museu Paulista e a gestão Afonso Taunay: escrita da história e historiografia, séculos XIX e XX / Cecília Helena de Salles Oliveira, organizadora – São Paulo: Museu Paulista da USP, 2017.
  2. a b c d Oitocentos - Tomo III : Intercâmbios culturais entre Brasil e Portugal. 2ª. Edição / Arthur Valle, Camila Dazzi, Isabel Portella (organizadores).– Rio de Janeiro: CEFET/RJ, 2014. Il.
  3. a b c d e f g h Lima Junior, Carlos Rogerio (30 de março de 2015). «Um artista às margens do Ipiranga: Oscar Pereira da Silva, o Museu Paulista e a reelaboração do passado nacional». doi:10.11606/D.31.2015.tde-12052015-103046 
  4. Morettin, Eduardo Victorio (1998). «Quadros em movimento: O uso das fontes iconográficas no filme Os Bandeirantes (1940), de Humberto Mauro». Revista Brasileira de História. 18 (35): 105–131. ISSN 0102-0188. doi:10.1590/S0102-01881998000100005 
  5. Makino, Miyoko (2003). «Ornamentação do Museu Paulista para o Primeiro Centenário: construção de identidade nacional na década de 1920». Anais do Museu Paulista. 10-11 (1). ISSN 0101-4714 
  6. Purificação, Ana Teresa de Souza e Castro. «Fontes iconográficas nos livros didáticos: instrumentalizando a (re)produção da memória da Independência» (PDF) 
  7. Pereira, J. K. A Independência do Brasil e o ensino da história.
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