Pedro Queiroz Pereira

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Pedro Queiroz Pereira
Nascimento 5 de março de 1949
Lisboa
Morte 18 de agosto de 2018
Cidadania Portugal
Ocupação empresário
Prêmios
  • Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial
Causa da morte enfarte agudo do miocárdio
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Pedro Mendonça de Queiroz Pereira GCME (Lisboa, 5 de março de 1949 — Ibiza, 18 de agosto de 2018) foi um empresário português e antigo piloto de competição.

Biografia

Pedro Queiroz Pereira nasce no seio de uma família da elite econômica portuguesa do século XX. No lado paterno, o avô Carlos Pereira (1879-1941[1]), de uma família de Santarém, fora diretor do Banco Comercial de Lisboa[2], e acionista da Companhia das Águas de Lisboa (além de se ter envolvido na politica, como apoiante de João Franco, o que o levou a ser deputado pelo Partido Regenerador Liberal[3]). O pai, Manuel Queiroz Pereira veio a assumir o cargo de administrador do BESCL, depois de o banco dos Espírito Santo incorporar o Comercial de Lisboa. Posteriormente, estendeu-se para outros setores — foi parceiro de Manuel Boullosa na constituição da Sonap; cofundador da promotora imobiliária Sodim (onde tambem participavam Ricardo Espírito Santo e Manuel de Mello), que construiu o Hotel Ritz em Lisboa[4]. No lado materno, o avo Manuel Mendonça foi o fundador da Companhia Portuguesa de Celulose, em Cacia[5].

Pedro Queiroz Pereira foi criado na casa da família no Restelo (vendida à Embaixada do Brasil depois do 25 de abril de 1974)[4]. Frequentou o Colégio Militar[6] e o Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, mas não terminaria nenhum curso. Cumpriu o serviço militar em Angola, durante a Guerra Colonial[4].

Com o PREC, as nacionalizações atingem os negócios dos Queiroz Pereira nas celuloses, na energia e na banca, e a família (como sucedia com outros grandes empresários do pais) resolve abandonar Portugal e estabelecer-se no Brasil. Pedro Queiroz Pereira permaneceria nesse pais ate 1987[4].

Segundo filho de Manuel, e visto como enfant terrible da familia[4], "PQP" como era conhecido, destaca-se por essa altura no mundo do automobilismo. No Brasil corre em Fórmula 2, chegando a competir, entre outros, com Ayrton Senna.[7] A morte do irmão mais velho viria a alterar-lhe os destinos que, levando-o a assumir, a partir dos anos 1980, responsabilidades em sociedades controladas pela família[8].

Com vista a concorrer as privatizações das empresas estatizadas a seguir 'a Revolução dos Cravos — que a revisão constitucional de 1989 e o fim da clausula de irreversibilidade das nacionalizações propiciava[9] — Queiroz Pereira e' fundador da Semapa em 1991[4].

Com essa holding retomaria o interesse da família nas celuloses, adquirindo parte da Portucel[10], e entrava nos cimentos, com a aquisição, da Secil[4], e da totalidade dos Cimentos Maceira e Pataias (formada a partir da antiga Empresa de Cimentos de Leiria, por sua vez dona da Fabrica de Maceira-Liz, estabelecida em 1923, e da fábrica Cibra-Pataias, fundada em 1950)[11].

Assim, além de presidir a Comissão Executiva da Semapa, foi igualmente presidente do Conselho de Administração da Secil e da Portucel.

Fora do seu projeto empresarial ficaria a Cimpor, cujo controlo tentou obter, travando, nesse contexto, uma disputa com o Governo de António Guterres e com o Ministro Joaquim Pina Moura em particular — Queiroz Pereira chegou a lançar uma OPA sobre a cimenteira, em conjunto com os suíços da Holcim, mas a Cimpor acabou entregue à Teixeira Duarte, ao BCP e à Lafarge, os quais, no final, tambem nao ficaram a controlar a empresa (a Cimpor acabaria na carteira do grupo brasileiro Camargo Corrêa, o qual, por sua vez, a desmembrou e revendeu[12]).

PQP foi ainda, tal como fora o seu pai, membro do Conselho de Administração do Hotel Ritz e do Banco Espírito Santo[13]. Com o Grupo Espirito Santo, liderado por Ricardo Salgado, travaria uma guerra pela disputa da liderança da Semapa. Mais tarde, PQP faria denúncias junto do Banco de Portugal de suspeitas de irregularidades financeiras no BES e no GES, que precederam a derrocada do banco controlado por Salgado[14].

A 6 de novembro de 2009, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Empresarial Classe Industrial.[15]

Em 2015 foi anunciado que a liderança executiva da Semapa seria assumida por João Castelo Branco, então diretor da McKinsey Ibérica[16].

A mudança coincidiu com o lançamento, pela Semapa, de uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o seu próprio capital, oferecendo em troca ações da Portucel. Tratou-se assim, em rigor, de uma oferta pública de troca (OPT) feita às ações da Semapa que não são detidas pela Soldim, a holding familiar controlada pela família Queiroz Pereira. A Sodim controla, por sua vez, 54,5% da Semapa, empresa que detém 75,8% da Portucel[17].

PQP morreu a 18 de agosto de 2018, aos 69 anos de idade, após um ataque cardíaco fatal no seu iate, em Ibiza, Espanha.[18][19]

Por causa do seu interesse na industria, aquando da sua morte, foi chamado por alguns jornais como "o maior industrial do país" (Publico[20]) ou "o último grande industrial português" (Economico[21]).

Referências

  1. Jornal de Negocios
  2. Jornal de Negocios
  3. Jornal de Negocios
  4. a b c d e f g A história do maior conflito na cúpula do capitalismo português do pós-25 de Abril, Publico, 2013
  5. The Navigator Company. Historia. Consulta em 16-07/2024
  6. Meninos da Luz – Quem é Quem II. Lisboa: Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar. 2008. ISBN 989-8024-00-3 
  7. Dinheiro Vivo
  8. Cotec Portugal
  9. Miranda, J. (1991). As privatizações na revisão constitucional de 1989 e na Lei n.º 11/90, de 5 de Abril. Direito E Justiça
  10. TSF
  11. Secil. Historia. Consultado em 16-07-2024
  12. Jornal Economico
  13. TSF
  14. < Jornal de Negocios
  15. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Pedro Mendonça de Queiroz Pereira". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 19 de agosto de 2018 
  16. Jornal de Negócios
  17. Jornal de Negócios
  18. Morreu o empresário Pedro Queiroz Pereira, Lusa 19.08.2018
  19. Pedro Queiroz Pereira terá morrido devido a queda em barco, avança imprensa espanhola, 19.08.2018
  20. Publico
  21. Jornal Economico
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