José Gonçalves Viana
José Gonçalves Viana (Alegrete, 27 de junho de 1843 — Porto Alegre, depois de 1894) foi um professor, orador e padre brasileiro.
Filho de José Gonçalves Viana e Emilia Delfina de Oliveira,[1] estudou no Seminário Episcopal de Porto Alegre, sendo discípulo do celebrado padre João de Santa Bárbara em filosofia e retórica,[2] aperfeiçoando-se em Roma, onde doutorou-se em filosofia, e lá foi ordenado padre pelo cardeal Constantino Patrizi em 1866.[3] Segundo Aquiles Porto Alegre, ao retornar a Porto Alegre já vinha precedido da fama de grande orador sacro.[2] Pouco depois de chegar foi indicado cônego da Catedral Metropolitana, nomeado cura da Catedral em 1867, sendo colado em 1871.[4] Também atuou como capelão da penitenciária, provedor e capelão da Irmandade do Santíssimo Sacramento e Madre de Deus,[5][6] e tesoureiro do Asilo Padre Cacique.[7]
Dominava várias línguas,[2] foi professor público de filosofia no Instituto Porto-Alegrense,[8] no Liceu Dom Afonso e no Ateneu Rio-Grandense,[9] examinador de latim,[10] professor de latim e filosofia no Instituto Brasileiro[11] e no afamado Colégio Rio-Grandense de Apolinário e Apeles Porto Alegre,[12] e lecionou filosofia racional e moral no Seminário.[13] Foi membro fundador do Parthenon Litterario, a mais importante instituição cultural do estado no século XIX.[14][15]
Aquiles Porto Alegre, que o conheceu pessoalmente, assim registrou sua figura: "Se era considerado um luzeiro do magistério não o era menos na tribuna sagrada, onde tantas e tantas vezes, nos seus arroubos oratórios, nos fazia lembrar Bossuet e o padre Antônio Vieira, cujos sermões serão sempre lidos com o encanto e a frescura, como se fossem inspirados agora. Na sua época era reputado o nosso mais ilustre pregador. Os seus sermões eram considerados verdadeiras peças de literatura, que se recomendavam pelo arcabouço filosófico, pelo fulgor do estilo e pela linguagem sábia e castiça".[2] A imprensa da época confirma seu brilho e sua fama,[16][17][18] e Guilhermino César, em sua História da Literatura do Rio Grande do Sul, também o coloca como um nome ilustre na oratória e no magistério.[19]
Referências
- ↑ "Contra protesto". A Federação, 22/12/1885
- ↑ a b c d Porto Alegre, Aquiles. Homens Illustres do Rio Grande do Sul. Typ. do Centro, 1916, pp. 180-181
- ↑ Arriada, Eduardo. A educação secundária na província de São Pedro do Rio Grande do sul: a desoficialização do ensino público. Doutorado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2007, p. 169
- ↑ Rubert, Arlindo. A História da Igreja no Rio Grande do Sul, Vol. II. Edipucrs, 1998, pp. 37-38
- ↑ "Multas". A Federação, 02/05/1894
- ↑ "Devoção do Divino Espírito Santo". A Federação, 23/05/1895
- ↑ Asilo Padre Cacique - histórico. Penta UFRGS
- ↑ "Instituto Porto-Alegrense". A Federação, 09/01/1886
- ↑ Arriada, p.85
- ↑ Falla dirigida á Assembléa Legislativa da Provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul pelo presidente Dr. João Pedro Carvalho de Moraes. Typ. do Rio-Grandense, 1875, p. 16
- ↑ "Instituto Brazileiro". A Federação, 07/01/1885
- ↑ Arriada, p. 106
- ↑ "Bispado". Relatorio com que o Sr. Dr. Felisberto Pereira da Silva passou a administração da Provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul ao Exmº Sr. Dr. Carlos Thompson Flores. Typ. da Livraria Americana, 1880, p. 16
- ↑ Brum, Rosemary Fritsch. Caderno de Pesquisa: notícias de imigrantes italianos em Porto Alegre, entre 1911 e 1937. Editora da Universidade Federal do Maranhão, 2009, p. 82
- ↑ Saldanha, Benedito. A mocidade do Parthenon Litterário. Alcance, 2003, p. 20
- ↑ "Realisou-se hontem". A Federação, 21/05/1888
- ↑ "O illustrado dr. José Gonçalves Vianna". A Federação, 05/06/1888
- ↑ "Divino Espirito Santo". A Federação, 12/05/1891
- ↑ César, Guilhermino. História da Literatura do Rio Grande do Sul 1737-1902. Globo, 1971, p. 177