José António do Vale

José António do Vale
José António do Vale
Retrato do Actor Vale, por Columbano Bordalo Pinheiro (Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, 1907)
Nascimento 4 de novembro de 1845
Lisboa
Morte 19 de fevereiro de 1912
Lisboa
Sepultamento Cemitério dos Prazeres
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Ocupação ator, encenador, empresário
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José António do Vale, mais conhecido por Actor Vale (Lisboa, 4 de novembro de 1845 — Lisboa, 19 de fevereiro de 1912) foi um ator, encenador e empresário português do século XIX e início do século XX, um dos mais reputados da sua época.[1][2][3]

Biografia

José António do Vale nasceu em Lisboa, no número 35 da Rua do Benformoso, freguesia dos Anjos, a 4 de novembro de 1845, filho de Francisco António do Vale, natural de Viseu e de sua mulher, Maria Rosa de Melo, natural de Lisboa.[4]

O Actor Vale no papel de "Conselheiro barão", no monólogo Os Chapéus de Luís de Araújo (Revista Branco e Negro, maio de 1896).

O primeiro papel que representa, com 16 anos, no Teatro da Rua dos Condes, é o de uma criança na peça Casamento em Miniatura. A estreia profissional aconteceu por volta de 1863, segundo uns no Teatro das Variedades na comédia de 1 ato de Parsini Um Pároco Virtuoso, segundo outros no Teatro Gymnasio na peça de 1 ato de Aristides Abranches Nem todo o mato é orégãos. Neste Teatro terá grandes mestres e protegidos, como o Actor Taborda, e conhecerá o amor da sua vida, a atriz Lucinda Simões, paixão contrariada pelo pai dela o que impulsionará Vale a desenvolver uma carreira notável no Brasil em 1870, como ator, encenador e empresário, durante cerca de 10 anos.[1][2]

Regressa ao Gymnasio por treze anos e ficam famosas as suas atuações em Sua Excelência (1884), na farsa O Vale em Lisboa (1880), As Médicas, Mulheres Carraças e O Comissário de Polícia (todas em 1890), O Burro do Senhor Alcaide (1891), O Primeiro Marido da França (1893), todas escritas por Gervásio Lobato, sendo este considerado o período de ouro da comédia portuguesa. Passou depois ao Teatro da Rua dos Condes, às revistas de Schwalbach Lucci e a empresário, na Companhia da Comédia. Consta que, como ator ou empresário, passou também pelo Teatro D. Amélia e Teatro do Príncipe Real.[1][2] Em 1907, Columbano Bordalo Pinheiro pinta um retrato seu a óleo, que hoje se encontra exposto no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado.[5]

A sua última representação foi em O filho da Carolina, a 30 de abril de 1910.[1] Falece em Lisboa, no 3.º andar esquerdo do número 47 da Rua Nova da Trindade, freguesia do Sacramento, ao Chiado, a 19 de fevereiro de 1912, vítima de cancro da língua. Nunca casou nem deixou descendência. O seu funeral, extremamente concorrido pelos seus amigos e admiradores, seguiu para o Alto de São João. A 9 de julho de 1920, é trasladado para o jazigo dos Artistas Dramáticos, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, onde encontra o seu descanso final.[6][7] Na edição de 26 de fevereiro de 1912, da revista Ilustração Portuguesa, a propósito da morte do ator, pode ler-se: "Depois de uma agitada existencia cheia de noites gloriosas, tendo contribuido para o grande desenvolvimento da cena moderna (...) José António do Vale, vitimado por um cancro na lingua, faleceu em 19 de fevereiro, sendo o seu funeral uma grande e saudosa manifestação dos seus amigos e admiradores."[7]

O seu nome faz parte da toponímia de Almada (freguesia da Sobreda), Amadora (freguesia de São Brás) e de Lisboa (freguesia de São João, edital de 12 de março de 1932: Rua Actor Vale, ex-Rua 4 do Bairro dos Aliados). A 15 de novembro de 1997 a Escola Básica do 1.º Ciclo de Lisboa n.º142, na Penha de França, passa a denominar-se Escola Básica do 1.º Ciclo Actor Vale, prefazendo a sua última homenagem.[2][8]

Referências

  1. a b c d «CETbase: Ficha de José António do Vale». ww3.fl.ul.pt. Consultado em 2 de março de 2021 
  2. a b c d «Sabe quem foi Actor Vale?». Ruas com história. 20 de outubro de 2017. Consultado em 2 de março de 2021 
  3. Magalhães, Paula (2008). «Teatro do Ginásio: Um palco de gargalhadas». Associação Portuguesa de Críticos do Teatro. Consultado em 2 de março de 2021 
  4. «Livro de registo de baptismos da Paróquia dos Anjos (1839 a 1853)». Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 102 verso. Consultado em 2 de março de 2021 
  5. «MatrizNet: Retrato do actor Vale». www.matriznet.dgpc.pt. Consultado em 2 de março de 2021 
  6. «Livro de registo de óbitos da 2.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (1912-01-26 a 1912-07-27)». Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 11 verso-12, assento 32. Consultado em 2 de março de 2021 
  7. a b «A morte d'um grande comico: o Actor Valle» (PDF) 314 ed. Hemeroteca Digital. lllustração Portugueza: 283. 26 de fevereiro de 1912. Consultado em 2 de março de 2021 
  8. «Diretório da Cidade». informacoeseservicos.lisboa.pt. Consultado em 2 de março de 2021