Johannes Andreas Paravicini

Johannes Andreas Paravicini
Nascimento 24 de novembro de 1710
Barcelona
Morte 17 de outubro de 1771 (60–61 anos)
Stenay
Ocupação diplomata, administrador
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Johannes Andreas Paravicini (Barcelona, 24 de Novembro de 1710 — Stenay (Lorena), 17 de Outubro de 1771) foi um aventureiro, oficial da administração colonial e diplomata ao serviço da Companhia Neerlandesa das Índias Orientais (VOC ou Vereenigde Oost-Indische Compagnie)[1], tendo nessas funções negociado o Tratado de Paravicini que consolidou a presença neerlandesa no oeste de Timor.

Biografia

Nasceu em Barcelona, filho de Johannes Paravicini di Copelli, capitão de navios ao serviço de Espanha, e de sua mulher Maria Ellenberger (ou Ohleberger)[1], ele de origem italiana (ou suíça), ela natural de Altemburgo, então na Saxónia (hoje na Turíngia). Foi registado com o nome de Johannes Bartholomeus Paravicini, o que deu origem a um longo processo de reconhecimento da identidade, apenas resolvido por acordo, já que não foi possível a produção de prova documental[1].

Com cerca de 14 anos de idade (outras fontes apontam 16 anos) abandonou a família e fixou-se em Amesterdão, acabando por ingressar no serviço da Companhia Neerlandesa das Índias Orientais (VOC) como ziekentrooster (literalmente consolador dos doentes), um cargo de carácter misto de apoio religioso e sanitário ao pessoal da Companhia deslocado no ultramar. Inicialmente nessas funções, em 1746 já estava em Batávia (hoje Jacarta), onde a partir de 1749 atuou como corretor de valores[1].

Entre 1749 e 1752 foi comissário de transporte marítimo e comissário de negócios em Batávia. No período de 1754 a 1759 foi chefe de feitoria, oficial aduaneiro e xabandar (um cargo de administração portuária[2]) para os cristãos.

A sua experiência como ziekentrooster permitiu-lhe actuar como conselheiro do governador-geral Jacob Mossel (1750-1761) para as questões sanitárias em Batavia[1].

No contexto da disputa entre a VOC e Portugal pelo controlo da região de Timor, que atingiu o seu auge na Batalha de Penfui, Paravicini foi enviado pelo governador-geral Jacob Mossel como emissário (comissaris) aos sultanatos de Palimbão e Banjarmasin e junto dos régulos da ilha de Timor. Em Timor e nas ilhas vizinhas conseguiu congregar em Cupão as principais autoridades nativas (os liurais e outros chefes locais) numa reunião magna na qual foi assinado, a 9 de Junho de 1756, um contrato de protectorado, depois conhecido por Tratado de Paravicini ou Contrato de Paravicini, através do qual aquelas autoridades reconheciam a suserania neerlandesa na região. Em troca de protecção e do reconhecimento da igualdade entre brancos e negros, o acordo vinculava 48 entidades políticas das ilhas de Solor, Roti, Savu, Sumba e de boa parte da região ocidental da ilha de Timor[3]. Esse tratado acabaria por garantir a presença neerlandesa no leste do arquipélago de Sunda por mais de dois séculos e, após uma longa disputa diplomática que apenas teve o seu epílogo com uma sentença arbitral em 1914[4], fixou as fronteiras do actual Estado de Timor-Leste.

Regressado de Java, casou em Eislingen (Württemberg), a 12 de Março de 1766, com Marianne de Lambert, filha de um capitão do exército prussiano. Faleceu a 17 de Outubro de 1771 em Stenay (Lorena), sem descendência.

Notas

  1. a b c d e Johannes Paravicini na página do Tropenmuseum de Amsterdão Arquivado em 12 de março de 2014, no Wayback Machine..
  2. Davisakd Puaksom, The Pursuit of Java: Thai Panji Stories, Melayu Lingua Franca and tha Question of Translation[ligação inativa], p. 85. National University of Singapore, 2007.
  3. James J. Fox: “The Paradox of Powerlessness: Timor in Historical Perspective”, 9. Dezember 1996, Department of Anthropology, Research School of Pacific and Asian Studies, The Australian National University
  4. «Hans Hägerdal: Rebellions or factionalism? Timorese forms of resistance in an early colonial context, 1650-1769». Consultado em 21 de fevereiro de 2012. Arquivado do original em 8 de dezembro de 2015 

Referência

  • J. H. J. Leeuwerik, "Twee koloniale aquarellen: J.A. Paravicini op Timor in 1756". Antiek, mei 1992, p. 485.

Ligações externas

  • Johannes Paravicini na página do Tropenmuseum de Amsterdão