Guiaçadim

Guiaçadim
Rei consorte da Geórgia
Reinado 1223-1226
Consorte de Rusudana da Geórgia
Antecessor(a) Davi Soslano
Sucessor(a) Tamar Amanelije
 
Morte Após 1226
Descendência
Dinastia
Pai Abedal Harije Maomé Muguiçadim Tugril Xá
Mãe Filha de Ceifadim Beguetimur
Religião
  • Islamismo (até 1223/24)
  • Cristianismo (desde 1223/24)

Guiaçadim (fl. 1223–1226) era membro da dinastia seljúcida de Rum e marido da rainha Rusudana da Geórgia (r. 1223–1245) de c. 1223 a 1226. Filho do emir de Erzurum, se converteu ao cristianismo por ordem de seu pai para poder se casar com Rusudana. Sua posição na corte era fraca e o relacionamento conjugal foi prejudicado devido à infidelidade de Rusudana. Mudou de um lado a outro na divisão religiosa e política durante a invasão corásmia da Geórgia em 1226. À época, foi repudiado por Rusudana, e depois sumiu dos registros, deixando dois filhos para trás, Tamara e Davi VI (r. 1245–1259).

Vida

Origens

Guiaçadim nasceu em data desconhecido. Era o filho mais novo de Abedal Harije Maomé Muguiçadim Tugril Xá, o emir seljúcida de Erzurum, e sua esposa, filha de Ceifadim Beguetimur, o governante de Ahlat.[1] Tugril Xá recebeu Elbistão como apanágio após a divisão do Sultanato de Rum por seu pai Quilije Arslã II em 1192, mas mudou, em cerca 1201, para Erzurum.[2] Ele parece ter sido tributário do Reino da Geórgia por pelo menos parte de seu reinado.[3]

O nome original do consorte de Rusudana não é registrado em fontes georgianas ou muçulmanas. Guiaçadim é um lacabe relatado pelo estudioso egípcio do século XIII ibne Abedal Zair. O historiador georgiano João, escrevendo no início do século XIX, postula que o marido de Rusudana foi nomeado Demétrio (Dimitri) após sua conversão ao cristianismo na Geórgia.[1]

Casamento

Segundo fontes muçulmanas, Rusudana casou-se com um filho do emir de Erzurum em 620 AH (1223/1224).[4] A anônima Crônica dos 100 Anos do século XIV, parte das Crônicas da Geórgia, relata que o jovem príncipe seljúcida havia sido mantido na corte da Geórgia como refém, a fim de garantir a lealdade de Erzurum. Rusudana gostava dele e o tomou como marido.[5] O erudito árabe contemporâneo Abdalatife também confirma que foi Rusudana quem optou pelo príncipe seljúcida, mas Ali ibne Alatir afirma que foi o próprio emir de Erzurum que propôs o casamento para defender seu país das invasões georgianas. Depois que os georgianos rejeitaram o pedido do emir por ser muçulmano, ordenou que seu filho se convertesse ao cristianismo, fato descrito por ibne Alatir como "uma estranha mudança de eventos sem paralelo".[6]

Os anais da Geórgia relataram que Guiaçadim era um homem bonito e fisicamente forte. Por volta dos 17 anos, na época do casamento, era mais jovem que Rusudana,[1] que é descrita por unanimidade pelas fontes medievais como uma mulher bonita e dedicada ao prazer.[7] Relatando seus escandalosos casos amorosos e estilo de vida adúltero, ibne Alatir relata que numa ocasião Rusudana foi surpreendida pelo marido na cama, nos braços de um escravo ("mameluco"). Como Guiaçadim se recusou a tolerar esse fato, ibne Alatir continua, Rusudana mandou que se mudasse para "outra cidade" sob estrita supervisão.[8] O autor muçulmano ressalta a "posição fraca" que o príncipe seljúcida tinha na corte da Geórgia.[4] As evidências sugerem que era desprovido do alto estatuto e prestígio de que gozavam os antigos reis da Geórgia, especialmente o pai de Rusudana, Davi Soslano, marido da rainha Tamar. As fontes da Geórgia não lhe dão o título de rei e não o denunciam como comandante do exército ou envolvido em assuntos estatais. Seu nome não aparece nas moedas emitidas em nome de Rusudana.[1]

Guiaçadim e Rusudana tiveram dois filhos, Tamar e Davi. Tamar se casou com seu primo, o sultão de Rum Caicosroes II (r. 1237–1246) e tornou-se mais conhecido por seu apelido Gurcu Catum. Davi se tornou o rei da Geórgia após a morte de Rusudana em 1245 e era antepassado da primeira dinastia do Reino de Imerícia no oeste da Geórgia.[1][2] Em 1226, o xá corásmio Jalaladim Mingueburnu (r. 1220–1231) conquistou a capital georgiana de Tbilisi, colocando a rainha Rusudana em fuga para seus domínios ocidentais, Guiaçadim se converteu ao islamismo e, segundo o cronista Anaçaui, obteve amã (segurança) de Jalaladim. No entanto, depois que o xá corásmio partiu para sitiar Ahlat, Guiaçadim retornou ao cristianismo, desertou para os georgianos e os informou sobre a fraqueza de uma guarnição corásmia em Tbilisi. Rusudana parece ter repudiado o casamento com Guiaçadim na mesma época e ele desaparece das fontes a partir de então.[1]

Referências

  1. a b c d e f Djaparije 1995, p. 181–182.
  2. a b Toumanoff 1949–1951, p. 181.
  3. Peacock 2006, p. 130.
  4. a b Richards 2010, p. 244.
  5. Metreveli 2008, p. 537.
  6. Richards 2010, p. 244, 270.
  7. Metreveli 2008.
  8. Richards 2010, p. 244–245.

Bibliografia

  • Djaparije, Gotcha I. (1995). საქართველო და მახლობელი აღმოსავლეთის ისლამური სამყარო XII-XIII ს-ის პირველ მესამედში [Georgia and the Near Eastern Islamic world in the 12th–13th century]. Tbilisi: Metsniereba 
  • Peacock, Andrew (2006). «Georgia and the Anatolian Turks in the 12th and 13th centuries». Anatolian Studies. 56: 127–146. doi:10.1017/S0066154600000806 
  • Metreveli, Roin (2008). «ასწლოვანი მატიანე [Chronicle of A Hundred Years]». ქართლის ცხოვრება [Kartlis Tskhovreba]. Tbilisi: Artanuji 
  • Richards, Donald Sidney (2010). The Chronicle of Ibn Al-Athir for the Crusading Period from Al-kamil Fi'l-ta'rikh, Part 3: The Years 589-629/1193-1231: the Ayyubids After Saladin and the Mongol Menace. Farnham: Ashgate Publishing. ISBN 0754669521 
  • Toumanoff, Cyril (1949–1951). «The Fifteenth-Century Bagratids and the Institution of Collegial Sovereignty in Georgia». Traditio. 7: 169–221