Caio Avídio Nigrino

Caio Avídio Nigrino
Cônsul do Império Romano
Consulado 110 d.C.
Morte 118 d.C.

Caio Avídio Nigrino (em latim: Gaius Avidius Nigrinus; m. 118) foi um senador romano da gente Avídia que serviu como cônsul sufecto para o nundínio de abril a junho de 110 com Tibério Júlio Áquila Polemeano.[1]

Ancestrais

Os ancestrais de Nigrino eram da mais alta elite política romana da época. Ele era filho de Caio Avídio Nigrino, irmão do cônsul Tito Avídio Quieto. Sua família era rica, famosa e bastante influente oriunda da cidade de Favência, onde Nigrino nasceu e foi criado. É possível que eles sejam também parentes de Caio Petrônio Pôncio Nigrino, que foi cônsul em 37.

Além disto, a família de Nigrino tinha conexões na Grécia. O pai de Nigrino serviu como procônsul na província romana de Acaia durante o reinado de Domiciano (r. 81-96) assim como seu tio. A família também era amiga do senador e historiador Plínio, o Jovem, e do historiador grego Plutarco, que dedicou sua obra "Sobre o Amor Fraternal" aos irmãos Quieto e Nigrino (pai).

Carreira

O primeiro cargo conhecido de Nigrino foi tribuno da plebe em 105. Ronald Syme levanta a possibilidade de Nigrino ser o mesmo elogiado por Plínio por seu discurso implicando Vareno Rufo num caso de corrupção durante seu governo na Bitínia e Ponto.[2][3] Nigrino depois foi procônsul em Acaia como seu pai e seu tio, mas não se sabe ao certo quando,[4] provavelmente parte da tentativa de Trajano de reconhecer e estabilizar a administração da região, que vinha tendo problemas financeiros.

Nigrino era um confiável general de Trajano. No período no qual foi cônsul, Nigrino foi enviado por Trajano à Delfos como parte de um comitê de aconselhamento para ajudar o político e, mais tarde, historiador grego Arriano numa disputa de fronteiras. Este evento está registrado em Delfos em uma inscrição honorífica dedicada a Nigrino em grego e em latim.

Em 113, Nigrino foi nomeado governador da Dácia, cargo que manteve até sua morte em 118.[5]

Quando Trajano morreu, em 117, foi sucedido por seu primo de segundo grau (por parte de pai) e filho adotivo Adriano. No verão do ano seguinte, Nigrino foi executado em Favência por ordem do Senado. Segundo a História Augusta ele seria um dos quatro senadores que teriam conspirado para matar Adriano durante um sacrifício; o autor acrescenta, porém, que Adriano pretendia torná-lo um herdeiro aparente. Os outros senadores eram Aulo Cornélio Palma, Lúcio Publílio Celso e Lúsio Quieto.[6] É possível que Adriano tenha percebido Nigrino como uma ameaça dada a sua reputação e sua amizade próxima com Trajano.[7] Anthony Birley menciona que a sugestão de que Adriano possa ter mais tarde se arrependido do assassinato, o que explicaria por que Adriano adotou o genro de Nigrino, Ceiônio Cômodo (conhecido depois de ser adotado por Marco Aurélio como Lúcio Élio). Porém, o próprio Birley também sugere que Adriano adotou Cômodo "por pura perversidade — a intenção de Adriano era enfurecer os demais aspirantes".[8]

Família

O nome da esposa de Nigrino é desconhecido, mas a filha dos dois, Avídia Pláucia, casou-se com Ceiônio Cômodo. Estes, por sua vez, tiveram um filho, Lúcio Vero, que foi co-imperador com Marco Aurélio. É possível que ela tenha se casado novamente com um senador romano depois da morte de Nigrino.

Árvore genealógica

  • v
  • d
  • e
Árvore genealógica da Dinastia nerva-antonina
Q. Márcio Bareia SoranoQ. Márcio Bareia SuraAntônia FurnilaM. Coceio NervaSérgia PlaucilaP. Élio Adriano
Tito
(r. 79–81)
Márcia FurnilaMárciaTrajano paiNerva
(r. 96–98)
Úlpia[i]Élio Adriano Marulino
Júlia Flávia[ii]Marciana[iii]C. Salônio Matídio[iv]Trajano
(r. 98–117)
PlotinaP. Acílio AcianoP. Élio Afer[v]Paulina Maior[vi]
Lúcio Míndio
(2)
Libão Rupílio Frúgio
(3)
Matídia[vii]L. Víbio Sabino
(1)[viii]
Paulina Menor[vi]L. Júlio Urso Serviano[ix]
Matídia Menor[vii]Suetônio?[x]Sabina[iii]Adriano
[v][xi][vi] (r. 117–138)
Antínoo[xii]
Júlia Balbila?[xiii]C. Fusco Salinador IJúlia Serviana Paulina
M. Ânio Vero[xiv]Rupília Faustina[xv]Boiônia PrócilaCn. Árrio Antonino
L. Ceiônio CômodoÁpia SeveraL. Fusco Salinador
L. Cesênio PetoÁrria AntoninaÁrria Fadila[xvi]T. Aurélio Fulvo
L. Cesênio AntoninoL. Ceiônio CômodoFundânia Pláuciaignota[xvii]C. Avídio Nigrino
M. Ânio Vero[xv]Domícia Lucila[xviii]Fundânia[xix]M. Ânio Libão[xv]FAUSTINA[xvi]Antonino Pio
(r. 138–161)[xvi]
L. Élio César[xvii]Avídia Pláucia[xvii]
Cornifícia[xv]MARCO AURÉLIO
(r. 161–180)[xx]
FAUSTINA Menor[xx]C. Avídio Cássio[xxi]Aurélia Fadila[xvi]LÚCIO VERO
(r. 161–169)[xvii]
(1)
Ceiônia Fábia[xvii]Pláucio Quintílio[xxii]Q. Servílio PudenteCeiônia Pláucia[xvii]
Cornifícia Menor[xxiii]M. Petrônio SuraCÔMODO
(r. 177–192)[xx]
Fadila[xxiii]M. Ânio Vero César[xx]Ti. Cláudio Pompeiano
(2)
Lucila[xx]M. Pláucio Quintílio[xvii]Júnio Licínio BalboServília Ceiônia
Petrônio AntoninoL. Aurélio Agáclito
(2)
Aurélia Sabina[xxiii]L. Antíscio Burro
(1)
Pláucio QuintílioPláucia ServíliaC. Fúrio Sabino TimesiteuAntônia GordianaJúnio Licínio Balbo?
Fúria Sabina TranquilinaGORDIANO III
(r. 238–244)
  • (1) = 1ª esposa
  • (2) = 2ª esposa
  • (3) = 3ª esposa
  •   Vinho escuro indica um imperador da Dinastia nerva-antonina

      Vinho claro indica um herdeiro aparente da mesma dinastia que não chegou a assumir o trono

      Cinza indica um aspirante fracassado ao trono

      Roxo indica um imperador de outras dinastias
  • Linhas tracejadas indicam uma adoção; linhas pontilhadas indicam casos amorosos ou relações fora do casamento
  • Minúsculas = pessoas deificadas postumamente (augustos, augustas ou outras)
Notas:

Exceto se explicitado de outra forma, as notas abaixo indicam que o parentesco de um indivíduo em particular é exatamente o que foi indicado na árvore genealógica acima.

  1. Irmã do pai de Trajano: Giacosa (1977), p. 7.
  2. Giacosa (1977), p. 8.
  3. a b Levick (2014), p. 161.
  4. Marido de Úlpia Marciana: Levick (2014), p. 161.
  5. a b Giacosa (1977), p. 7.
  6. a b c DIR contributor (Herbert W. Benario, 2000), "Adriano".
  7. a b Giacosa (1977), p. 9.
  8. Marido de Salonina Matídia: Levick (2014), p. 161.
  9. Smith (1870), "Júlio Servianus".
  10. Suetônio seria um possível amante de Sabina: uma possível interpretação de HA, Adriano 11:3
  11. Smith (1870), "Adriano", pp. 319–322.[ligação inativa]
  12. Amante de Adriano: Lambert (1984), p. 99 e passim; deificação: Lamber (1984), pp. 2-5, etc.
  13. Júlia Bálbila seria uma possível amante de Sabina: A. R. Birley (1997), Adriano, the Restless imperador, p. 251, citado em Levick (2014), p. 30, que é cético em relação a esta hipótese.
  14. Marido de Rupília Faustina: Levick (2014), p. 163.
  15. a b c d Levick (2014), p. 163.
  16. a b c d Levick (2014), p. 162.
  17. a b c d e f g Levick (2014), p. 164.
  18. Esposa de M. Ânio Vero: Giacosa (1977), p. 10.
  19. Esposa de M. Ânio Libão: Levick (2014), p. 163.
  20. a b c d e Giacosa (1977), p. 10.
  21. Pseudo-Dião Cássio (72.22) conta que Faustina, a Velha, prometeu se casar com Avídio Cássio, uma história que também aparece na HA "Marco Aurélio" 24.
  22. Marido de Ceiônia Fábia: Levick (2014), p. 164.
  23. a b c Levick (2014), p. 117.
Referências:
  • DIR contributors (2000). «De Imperatoribus Romanis: An Online Encyclopedia of Roman Rulers and Their Families». Consultado em 14 de abril de 2015 
  • Giacosa, Giorgio (1977). Women of the Césars: Their Lives and Portraits on Coins. Translated by R. Ross Holloway. Milan: Edizioni Arte e Moneta. ISBN 0-8390-0193-2 
  • Lambert, Royston (1984). Beloved and God: The Story of Adriano and Antinous. New York: Viking. ISBN 0-670-15708-2 
  • Levick, Barbara (2014). Faustina I and II: Imperial Women of the Golden Age. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-537941-9 
  • William Smith, ed. (1870). Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology. [S.l.: s.n.] 

Ver também

Cônsul do Império Romano
Precedido por:
Aulo Cornélio Palma Frontoniano II

com Públio Calvísio Tulo Rusão
com Lúcio Ânio Largo (suf.)
com Cneu Antônio Fusco (suf.)
com Caio Júlio Antíoco Epifanes Filopapo (suf.)
com Caio Abúrnio Valente (suf.)
com Caio Júlio Próculo (suf.)

Marco Peduceu Priscino
110

com Sérvio Cornélio Cipião Salvidieno Orfito
com Caio Avídio Nigrino (suf.)
com Tibério Júlio Áquila Polemeano (suf.)
com Lúcio Catílio Severo Juliano Cláudio Regino (suf.)
com Caio Eruciano Silão (suf.)
com Aulo Lárcio Prisco (suf.)
com Sexto Márcio Honorato (suf.)

Sucedido por:
Caio Calpúrnio Pisão

com Marco Vécio Bolano
com Tito Avídio Quieto (suf.)
com Lúcio Égio Márulo (suf.)
com Lúcio Otávio Crasso (suf.)
com Públio Célio Apolinário (suf.)


Referências

  1. Alison E. Cooley, The Cambridge Manual of Latin Epigraphy (Camrbidge: University Press, 2012), pp. 467ss
  2. Ronald Syme, Tacitus (Oxford: Clarendon Press, 1958) p. 669
  3. Plínio, o Jovem, Epistulae, V.20.6; Plínio menciona Nigrino mais duas vezes: V.13.6f e VII.6.
  4. Werner Eck, "Jahres- und Provinzialfasten der senatorischen Statthalter von 69/70 bis 138/139", Chiron, 13 (1983), p. 186 e n. 479
  5. Eck, "Jahres- und Provinzialfasten der senatorischen Statthalter von 69/70 bis 138/139", Chiron, 12 (1982), pp. 355-361
  6. História Augusta, Adriano 7.1; traduzida por Antony Birley, The Lives of the Later Caesars (Harmondsworth: Penguin, 1976), p. 64
  7. John D. Grainger, Nerva and the Roman Succession Crisis of AD 96-99 (London: Routledge, 2004), pp. 127f
  8. Birley, Marcus Aurelius, (London: Routledge, 1987), p. 42. Syme já havia sugerido antes a possibilidade do arrependimento de Adriano como motivação para adoção de Ceiônio em Tactius, p. 600.

Bibliografia

  • Bunson, Matthew (1995). A dictionary of the Roman Empire (em inglês). [S.l.: s.n.] 
  • Konrad, C. (1994). Plutarch's Sertorius: A Historical Commentary (em inglês). Chapel Hill: University of North Carolina Press 
  • Bowman, Alan K.; Garnsey, Peter; Rathbone, Dominic (2000). The Cambridge ancient history (em inglês). 11 2nd Edition ed. [S.l.: s.n.] 
  • Birley, Anthony Richard (2005). The Roman Government of Britain (em inglês). Oxford: Oxford Press 
  • Birley, Anthony R. (1997). «Hadrian and Greek Senators» (PDF). Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik (em inglês) (116): 209–245 

Ligações externas

  • «História Augusta, Aelius» (em inglês) 
  • «História Augusta, Lucius Verus» (em inglês)