Aliança Nacional para a Salvaguarda da Identidade Peúle e a Restauração da Justiça
A Aliança Nacional para a Salvaguarda da Identidade Peúle e a Restauração da Justiça (em francês: Alliance nationale pour la sauvegarde de l'identité peule et la restauration de la justice, ANSIPRJ) foi um movimento político e militar formado em 21 de junho de 2016 durante a Guerra do Mali.
Fundação
A ANSIPRJ foi fundada em 21 de junho de 2016, em um contexto de violência intercomunitária na região central do Mali. Em 2012, muitos peúles, apesar de rejeitarem a adesão ao jihadismo, haviam ingressado no Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental (MUJAO) para lutar contra a hegemonia dos separatistas tuaregues do Movimento Nacional de Libertação do Azauade (MNLA).[1] Em 2015, um grupo jihadista predominantemente peúle chamado Frente de Libertação do Macina, na verdade uma katiba do Ansar Dine, aparece na região de Mopti.[2] Desde então, os peúles são acusados de possuir ligações com jihadistas.[3] Em 2016, a associação Dental Pulaku ("União dos Peúles") denuncia a indistinção e acusa o exército maliano de matar cerca de quinze civis peúles durante o mês de abril de 2016.[4][5][6] No início de maio, milicianos bambaras conduzem ataques contra os peúles no Cercle de Ténenkou, matando pelo menos trinta pessoas.[7][8][9][10][11][12]
Ideologia e objetivos
A ANSIPRJ anuncia que seu objetivo é a proteção das populações peúles. O grupo alega ser contrário ao jihadismo e ao independentismo, porém declara que o "primeiro inimigo no terreno é o exército maliano". O líder do movimento declara: "Onde quer que cruzemos com soldados malianos, nós os atacaremos".[13][12][14][15][3] O grupo então acusa o exército maliano "e seus caçadores de recompensas" de serem responsáveis pela morte de 388 membros de sua comunidade.[16]
De acordo com o pesquisador de antropologia Boukary Sangaré, numerosos pastores nômades peúles na região pegaram em armas e aderiram a grupos armados, incluindo jihadistas, para "libertarem-se do jugo dos chefes tradicionais ou das elites, não mais pagar impostos que pareçam-lhes injustos e simplesmente se protegerem contra os vários grupos ou atos de banditismo".[3]
Organização e efetivos
A ANSIPRJ foi presidida por um maliano, Oumar al-Janah ou Oumar Aldiana[13][14][3][12], filho de um tuaregue e de uma peúle e ex-membro do MNLA.[15][12][17] Ele afirma que o grupo computa 700 homens em sua fundação[13][12] e reivindica posteriormente 2.300 combatentes em novembro de 2016, mas esse número é provavelmente exagerado.[18] O vice-secretário geral do movimento era Sidy Bakaye Cissé.[19][16]
O movimento foi ativo na região de Timbuktu, na região de Gao e na região de Ségou.[12]
Quando foi criada, a ANSIPRJ retirou-se da associação Pulaku Dental.[14]
O grupo reivindicou dispor do apoio de políticos malianos e membros da diáspora peúle.[13][14]
Ações
Em 19 de julho de 2016, a ANSIRPJ anunciou que conduziu um ataque a Nampala contra o exército maliano.[20] No entanto, a ofensiva também foi reivindicada pela Ansar Dine.[21] A ANSIPSJ ainda reivindica uma emboscada contra soldados malianos perto de Boni em 9 de setembro de 2016, onde três guardas nacionais são mortos e dois feridos.[22]
Dissolução
Depois de alguns meses, os dois líderes da ANSIPRJ se separam. Em setembro, Sidy Bakaye Cissé deixa a aliança e se junta ao Movimento pela Defesa da Pátria (MDP), membro da Plataforma. Em 19 - 20 de novembro de 2016, Oumar al-Janah finalmente anuncia que o seu movimento está a depor armas e incluiria-se no processo de paz. Também anuncia uma reconciliação com o Movimento para a Salvação de Azauade (MSA), a Coalizão do Povo para Azauade (CPA) e o Congresso para a Justiça no Azauade (CJA), próximos da Coordenação dos Movimentos de Azauade.[23][18] Em outubro de 2017, Umar al-Janah declarou que decidiu cessar os combates por causa das pressões dos jihadistas peúles, que "se recusavam a ter outra força peúle na área, uma força que não fosse jihadista".[17] Ele declarou não ter os meios e nem vontade de combater os jihadistas peúles e anunciou que a ANSIPRJ aderiu ao MNLA.[17]
Referências
- ↑ Yvan Guichaoua,Mali-Niger : une frontière entre conflits communautaires, rébellion et djihad, Le Monde, 20 de junho de 2016.
- ↑ Rémi Carayol, Carte : au centre du Mali, une constellation de groupes armés, Jeune Afrique, 18 de junho de 2016.
- ↑ a b c d Agnès Faivre, Milice Peule : une équation de plus pour Bamako, Le Point, 25 de junho de 2016.
- ↑ Mali: l'armée et des milices tuent injustement des Peuls pris pour des jihadistes Arquivado em 30 de abril de 2019, no Wayback Machine., AFP, 24 de abril de 2016.
- ↑ Mali: l’armée et des milices tuent injustement des Peuls pris pour des jihadistes, Mali Actu.net avec AFP, 24 de abril de 2016.
- ↑ Mali: une association dénonce des exactions contre des Peuls, RFI, 25 de abril de 2016.
- ↑ Centre du Mali : Des civils s’entretuent avec des armes de guerre, L'Indicateur du Renouveau avec AFP, 4 de maio de 2016.
- ↑ Heurts intercommunautaires dans le centre du Mali: HRW veut une intervention, RFI, 5 de maio de 2016.
- ↑ Mali: calme précaire dans le centre du pays, RFI, 7 de maio de 2016.
- ↑ Le carnage de Dioura : qui, comment et pourquoi, Le Républicain, 11 de maio de 2016.
- ↑ Mali: après les heurts communautaires, le gouvernement prend les choses en main, RFI, 13 de maio de 2016.
- ↑ a b c d e f Rémi Carayol, Mali – Oumar Aldjana : « Nous avons créé un mouvement pour mettre fin aux exactions contre les Peuls », Jeune Afrique, 20 de junho de 2016.
- ↑ a b c d Un nouveau mouvement politico-militaire peul créé au Mali, RFI, 21 de junho de 2016.
- ↑ a b c d Mali : Des voix dénoncent la création du mouvement politico-militaire peulh, Studio Tamani, 21 de junho de 2016.
- ↑ a b Naissance au Mali d’un nouveau mouvement pour défendre la cause des Peuls, Agence Afrique, 21 de junho de 2016.
- ↑ a b Bakaye Cissé : Qui est l’homme qui a attaqué le camp militaire de Nampala ?, L'Indicateur du Renouveau, 20 de julho de 2016.
- ↑ a b c Olivier Dubois, Oumar Aldjana : « L’ANSIPRJ va complètement intégrer le MNLA », Journal du Mali, 5 de outubro de 2017.
- ↑ a b Rémi Carayol,Mali : le mouvement peul de l’ANSIPRJ dépose les armes, Jeune Afrique, 22 de novembro de 2016.
- ↑ Alpha Mahamane Cissé, Attaque d’un camp militaire dans le centre du Mali, revendiquée par un mouvement peul, Mali Actu avec AFP, 19 de julho de 2016.
- ↑ Mali: un mouvement peul revendique l’attaque de base de l’armée dans le centre, RFI, 19 de julho de 2016.
- ↑ Mali: toujours la confusion après l’attaque de la base militaire de Nampala, RFI, 20 de julho de 2016.
- ↑ Mali: des militaires tombent dans une embuscade près de Boni, dans le centre, RFI, 10 de setembro de 2016.
- ↑ Rémi Carayol, Mali : l’ANSIP-RJ, un groupe armé peul, se déchire, Jeune Afrique, 27 de outubro de 2016.
Ligações externas
- Boukary Sangaré, Le Centre du Mali : épicentre du djihadisme ?, Groupe de recherche et d'information sur la paix et la sécurité, 20 de maio de 2016.
- Rémi Carayol, Mali : dans le Macina, un jihad sur fond de révolte sociale, Jeune Afrique, 20 de junho de 2016.
- Yvan Guichaoura et Dougoukolo Alpha Oumar Ba-Konaré, Djihad, révolte et auto-défense au centre du Mali, Le Monde, 14 de outubro de 2016.
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Alliance nationale pour la sauvegarde de l'identité peule et la restauration de la justice».